Já faz tempo que venho pensando sobre o que era e o que sou. Se o que me tornei é algo baseado na minha vontade real, ou apenas um tipo de encaixe. Das diversas experiências que adquiri, das pessoas que conheci de nada me arrependo. Contudo, vejo que algumas coisas deveriam ser evitadas, tipicamente desnecessárias. Não é porque você tem algo em uma bandeja você tem que devorar como se fosse o último instante.
E é por isso que aos poucos fui criando um oco, um vazio que nada preenchia. Enganava-me em ocupá-lo com coisas que não combinavam comigo, com a desculpa de que deveria me arriscar.
Só eu não percebia que não precisava disso.
Mas é assim, sempre aprendemos depois das quedas, dos tropeços, das lágrimas derrubadas. Os sinais vão se tornando evidentes, todos vão te alertando, mas você está fixo. Crente que está tudo tranqüilo.
Quando simplesmente, EXPLOSÃO, você cai em si e descobre que estava em outro corpo, ou que o seu foi invadido por uma alma divergente. E é assim. Eu sempre tinha medo de me perder só que esse medo estava me cegando, pois não via que já tinha me dispersado de tudo que almejava, sumi de mim, da minha essência, do que realmente sou.
EXPLOSÃO! Descobre-se o quanto me enganava. Condenava-me. Destruía-me.
Entende-se, aprende-se que é possível arriscar sem se condenar a queda sem fim. Que é possível mesclar o inaceitável com o considerável. É admissível ser diferente e aproveitar da diferença.
Tudo pode voltar a sua perfeita harmonia. Estou voltando, de volta aos braços daqueles que me amam e querem o meu bem. Sei que não sou a velha de sempre. Mas o que é real permanece.
Não quero jogar fora tudo de bom que adquiri. Perpetuarão, serão eternos. Sem substituições.
E sabe aquela paz que tinha orgulho de sentir? Pois é, ela está voltando.