quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

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Penso que minhas atitudes não correspondem ao que sou. Agora me despenquei em sentimentos adormecidos, mas que demonstraram intensidade. E vou deixar tudo passar? Incoerência da mente e coração, provocam distúrbios que aceleram os meus medos. Ainda mais porque acho que voltei a sentir. Porém ficarei feliz em saber que tudo não se passa de um engano provocado pela forte emoção. Eu tenho simpatia pela solidão, com ela muito aprendi. Edifiquei. Só que para fugir de tudo, me perdi. Aventurei-me em lugares inóspitos, em lugares que nunca imaginei estar, procurei diferenças, mas não se compatibilizaram com as minhas. Quero muito “que seja doce”, sei que para isso terei que me achar. Desvairadamente compreender o que quero. Já me cansei de testes sem fundamento. Não quero pré determinações em minha vida. Eu quero sentir, por mim, pelos meus desejos.

sábado, 25 de dezembro de 2010

viva a vida!


2010, ah, o ano está se findando. Ultima postagem desses quase 365 dias inconstantes.
Eu fui inconstante. As retrospectivas são fundamentais, pois nos fazem pensar de forma mais objetiva sobre o que, realizamos ou não, no ano que se acaba.
O ano foi plural. Não, multicolorido. Até parece alguma alusão aos coloridos, mas é bem divergente. Multicolorido, nas nuances do arco Iris, bem como no preto/branco, básicos. Existiram momentos pretos, não gosto que venham à memória, porém sei que estes fizeram de mim mais forte, com o pé no chão. Sinto-me renascida das cinzas.
Fênix! Ah, pode ser um drama para alguns, mas só nós mesmos conseguimos conduzir nossos sentimentos, isto é, guiá-los e desviá-los do que queremos ou não. Contudo não é uma situação homogênea, e é nas fugas do equilíbrio que nos perdemos. Fogem todas as nossas forças e concretizações. Embora sintamos frustrados, tudo isso é uma guinada para uma vida viva.
Vida viva, vivida. Viver nas nossas vontades, não nos prendermos, não ter medo. Sei que aprendi que o medo é impeditivo. Ele é o um dos nossos maiores inimigos, pois nos bloqueia para a vida. Possuímos vontade, ganância de mudar, mas ele, o medo, medinho, invade nosso consciente e desvia as emoções. Engana. Suga. Ainda tenho medo. E se listasse os meus medos, não haveria espaço para outras coisas. Mas é aí que você pode mesclar os sentimentos e tentar ser diferente. Deixar o medo ser apenas um ponto negro que é fácil de sumir ao meio das cores. Assim, fica mais maleável, flexível e as nossas vontades, desejos, realizáveis. Dessa forma, uma boa parte desse ano 10 tornou-se brilhantemente incomensurável. E depois de muito tempo, conseguir viver a minha vida.
Apesar das inconseqüências, onde não há arrependimento, deixo bem claro, foi viver. Estou vivendo. Possuo uma luz que deseja sair. Sinto paz.
De tudo que aprendi, sei que o tempo é necessário quando é para curar. Mas muitas vezes o tempo só atrapalha. Se for o fim, finde-se. Não adianta tentar consertar vasos estraçalhados. Hoje compreendo o quanto o silêncio é fundamental. Sei que existem amizades verdadeiras. E que a cada vez mais, o mundo é movido pelo interesse.
Descobri sobre o som, a música e como ela é capaz de purificar. Leveza de espírito existe. E pessoas que enganam, desvirtuadas também. A gente evolui. Isso é lindo. Não sou o que era em 2009, muito menos serei a mesma em 2011. Em constante mutação.
Mudanças coloridas, pois altos e baixos fazem parte para o amadurecimento. Perfeição não existe. Agradeço as boas experiências e as ruins também, elas me elevaram. Tenho muitos desejos, mas não quero apressá-los. Viver demanda tempo, paciência (mesmo que você não a tenha), e motivação. Vale a pena. Basta não desistir.

domingo, 19 de dezembro de 2010

balões, sonhos e futuro.




Essa imagem foi tirada na colação de grau de algumas turma da Universidade de Itaúna, dentre elas, a turma de Farmácia, em que a minha amiga Rúbia Krindges colou grau. Primeiramente, parabéns amiga.


Nesse instante multicolorido não se vê apenas balões. O que se sentia naquele lugar, que é denominado de CEU, talvez seja semelhante ao o que dizem céu. Senti paz e vi lágrimas, cada balão um sonho realizado, balões preenchidos com o alcançar, com o futuro. Não preciso ficar reiterando, a imagem fala por si só.

Love, it cross all lines.

Peace and Love,


Desejo paz e amor para o fim de 2010 e todo 2011.
Que saibamos usar dessa aliança e fazer com que haja harmonia.

sábado, 11 de dezembro de 2010

a pipoca e a solidão,



Existem circunstâncias que desencadeiam pensamentos soltos e que também os prende.
Tal como a solidão e a pipoca, pelo menos a minha pipoca...
Do espaço invadido por várias mãos, aquele barulho e soar dos dentes de vários se perdem quando você não escuta outro barulho, e quando o que existe de diferente te assusta.
Tenho medo de ter perdido a minha percepção, tudo está diferente agora, e não sinto emoção por sentir.
Talvez eu já não sinta com o coração, e o meu sistema nervoso entrou em colapso que não transmitindo o que sinto saudade de sentir.
Saudade, também representa a solidão. Sinto-a porque já não tenho ao meu lado aqueles que me faziam perceber.
Pois é, eu já sei, preciso sentir de novo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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Intitulo descobrir, todas as manhãs vulgarmente chamadas de comuns.
Face de um tempo que de tanto existir nada é, nada se faz.
Procuro um tempo exato, que não sobre vazio, mas que engrandeça de pensamentos.
Não quero ser lida, quero permanecer cinza.
Indeterminável.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

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Engraçado pensar nisto. Julgar uma pergunta simples em razão de nossa prepotência. Dizer em palavras, uma música, um poema [...], resume apenas 0,01% de uma existência cheia de complexidades.
            Há um tempo venho pensando em tudo que teria mudado, fiquei um pouco atônita e não consegui entrar em consenso com a minha realidade. Porque na maioria das vezes somos o que estamos fazendo em uma determinada etapa da vida. E em razão disto, vamos perdendo o que adquirimos ou éramos anteriormente.
            Porque as fases vividas sofrem um processo de evaporação. Somem, e se misturam juntamente com várias outras.
            Partes presentes de nossa existência, totalmente atribuída de funções impostas.
            Assim, algo que poderia ser cômico se tornou dramático.
            Afinal o que somos?
            - fantoches de um mundo calculado;
            - zumbis com sede de sucesso;
            - neuróticos por uma vida idealizada por alguém que nem a experimentou...
            E etc, etc...
            Embora não façamos tudo correto, mesmo assim muitas outras ações são impedidas de ser naturais.
            E lá se vai tudo que aprendemos na nossa inocência, banhada de amizades sinceras, que formularam a nossa verdadeira essência.
            Mesmo assim, somos criados para modificá-la, e como a metamorfose de uma borboleta, ao sairmos do nosso casulo, estamos disposto e exposto a todas variações de uma vida nada modesta.

Layla Almeida.

sábado, 6 de novembro de 2010

expectativas...



Surpreendem-me as expectativas das crianças, elas sabem fazer com que aquelas sejam mágicas e doces.
Sinto falta disso nos adultos, um brilho, uma vontade, inocentes.
E na maioria das vezes as ações são tão ríspidas...
É difícil perceber olhares vividos e cheios de emoção. E tudo se torna vazio.
As expectativas perdem o seu edificar, passando a ser meras ilusões, repetições.
Talvez seja por isso que sinto falta...
Atitudes infantis sendo tão maduras em comparação aos fantoches do contentamento.


Layla Almeida

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O dia em que Júpiter encontrou Saturno.





(Nova história colorida)

Foi a primeira pessoa que viu quando entrou. Tão bonito que ela baixou os olhos, sem querer querendo que ele também a tivesse visto. Deram-lhe um copo de plástico com vodca, gelo e uma casquinha de limão. Ela triturou a casquinha entre os dentes, mexendo o gelo com a ponta do indicador, sem beber. Com a movimentação dos outros, levantando o tempo todo para dançar rocks barulhentos ou afundar nos quartos onde rolavam carreiras e baseados, devagarinho conquistou a cadeira de junco junto à janela. A noite clara lá fora estendida sobre a Henrique Schaumann, a avenida poncho & conga, riu sozinha. Ria sozinha quase o tempo todo, uma moça magra querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz. Molhou os lábios na vodca tomando coragem de olhar para ele, um moço queimado de sol e calças brancas com a barra descosturada. Baixou outra vez os olhos, embora morena também, e suspirou soltando os ombros, coluna amoldando-se tensa ao junco da cadeira. Só porque era sábado e não ficaria, desta vez não, parada entre o som, a televisão e o livro, atenta ao telefone silencioso. Sorriu olhando em volta, muito bem, parabéns, aqui estamos.
Não que estivesse triste, só não sentia mais nada.
Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, girou o busto sobre a cintura, apoiando o cotovelo direito no peitoril da janela. Debruçou o rosto na palma da mão, os cabelos lisos caíram sobre o rosto. Para afastá-los, ela levantou a cabeça, e então viu o céu. Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Vista assim parecia não uma moça vivendo, mas pintada em aquarela, estatizada feito estivesse muito calma, e até estava, só não sentia mais nada, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco parada assim, meio remota, o moço das calças brancas veio se aproximando sem que ela percebesse. Parado ao lado dela, vistos de dentro, os dois pintados em aquarela - mas vistos de fora, das janelas dos carros procurando bares na avenida, sombras chinesas recortadas contra a luz vermelha. E de repente o rock barulhento parou e a voz de John Lennon cantou every day, every way is getting better and better. Na cabeça dela soaram cinco tiros. Os olhos subitamente endurecidos da moça voltaram-se para dentro, esbarrando nos olhos subitamente endurecidos do moço. As memórias que cada um guardava, e eram tantas, transpareceram tão nitidamente nos olhos que ela imediatamente entendeu quando ele a tocou no ombro.

- Você gosta de estrelas?
- Gosto. Você também?
- Também. Você está olhando a lua?
- Quase cheia. Em Virgem.
- Amanhã faz conjunção com Júpiter.
- Com Saturno também.
- Isso é bom?
- Eu não sei. Deve ser.
- É sim. Bom encontrar você.
- Também acho.
(Silêncio)
- Você gosta de Júpiter?
- Gosto. Na verdade “desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra”.
- Que é isso?
- Um poema de um menino que vai morrer.
- Como é que você sabe?
- Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.
- Hein?
(Silêncio)
- Você tem um cigarro?
- Estou tentando parar de fumar.
- Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
- Eu.
(Silêncio)
- Como é que você sabe?
- O quê?
- Que o menino vai se matar.
- Sei muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
- Eu não sei nada.
- Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
- Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
- Ninguém compreende.
- Às vezes sim. Eu te ensino.
- Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também. Do poema “Vazio na carne”, de Henrique do Vaile.
- Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo? (Silêncio)
- Você tomou alguma coisa?
- O quê?
- Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, psilocibina, metedrina.
- Não tomei nada. Não tomo mais nada.
- Nem eu. Já tomei tudo.
- Tudo?
- Cogumelos têm parte com o diabo.
- O ópio aperfeiçoa o real.
- Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.
(Silêncio)
- Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
- Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
- Alguma coisa se perdeu.
- Onde fomos? Onde ficamos?
- Alguma coisa se encontrou.
- E aqueles guizos?
- E aquelas fitas?
- O sol já foi embora.
- A estrada escureceu. Mas navegamos.
- Sim. Onde está o Norte?
- Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.
(Silêncio)
- Você é de Virgem?
- Sou. E você, de Capricórnio?
- Sou. Eu sabia.
- Eu sabia também.
- Combinamos: terra.
- Sim. Combinamos.
(Silêncio)
- Amanhã vou embora pra Paris.
- Amanhã vou embora pra Natal.
- Eu te mando um cartão de lá.
- Eu te mando um cartão de lá.
- No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
- No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.
(Silêncio)
- Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada ao meu lado, olhando de perfil.
- Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
- Vamos nos ver?
- No teu chá. No meu chá.
(Silêncio)
- Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
- Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
- Vou te escrever carta e não mandar.
- Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
- Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
- Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
- O tempo não existe.
- O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
- Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
- E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.
(Silêncio)
- Mas não seria natural.
- Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
- Natural é encontrar. Natural é perder.
- Linhas paralelas se encontram no infinito.
- O infinito não acaba. O infinito é nunca.
- Ou sempre.
(Silêncio)
- Tudo isso é muito abstrato. Está tocando Kiss, kiss, kiss. Por que você não me convida para dormirmos juntos.
- Você quer dormir comigo?
- Não.
- Porque não é preciso?
- Porque não é preciso.
(Silêncio)
- Me beija.
- Te beijo.

Foi a última pessoa que viu ao sair. Tão bonita que ele baixou os olhos, sem saber sabendo que ela também o tinha visto. Desceu pelo elevador, a chave do carro na mão. Rodou a chave entre os dedos, depois mordeu leve a ponta metálica, amarga. Os olhos fixos nos andares que passavam, sem prestar atenção nos outros que assoavam narizes ou pingavam colírios. Devagarinho, conquistou o espaço junto à porta. Os ruídos coados de festas e comandos da madrugada nos outros apartamentos, festas pelas frestas, riu sozinho. Ria sozinho quase sempre, um moço queimado de sol, com a barra branca das calças descosturada, querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz. Mordeu a unha junto com a chave, lembrando dela, uma moça magra de cabelos lisos junto à janela. Baixou outra vez os olhos, embora magro também. E suspirou soltando os ombros, pés inseguros comprimindo o piso instável do elevador, Só porque era sábado, porque estava indo embora, porque as malas restavam sem fazer e o telefone tocava sem parar. Sorriu olhando em volta.
Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.
Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, apertou os dedos da mão direita na porta aberta do elevador e atravessou o saguão gelado, saindo para a rua. Apoiou-se no poste da esquina, o vento esvoaçando os cabelos, e para evitá-lo ele então levantou a cabeça e viu o céu. Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Visto assim parecia não um moço vivendo, mas pintado num óleo de Gregório Gruber, tão nítido estava ressaltado contra o fundo da avenida, e assim estava, mas sem compreender, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco, a moça debruçou-se na janela lá em cima e gritou alguma coisa que ele não chegou a ouvir. Parado longe dela, a moça visível apenas da cintura para cima parecia um fantoche de luva, manipulado por alguém escondido, o moço no poste agitando a cabeça, uma marionete de fios, manipulada por alguém escondido.
De repente um carro freou atrás dele, o rádio gritando “se Deus quiser, um dia acabo voando”. Na cabeça dele soaram cinco tiros. De onde estava, não conseguiria ver os olhos da moça. De onde estava, a moça não conseguiria ver os olhos dele. Mas as memórias de cada um eram tantas que ela imediatamente entendeu e aceitou, desaparecendo da janela no exato instante em que ele atravessou a avenida sem olhar para trás.