Certa vez considerei que o destino faria o que tinha para acontecer. Não sabia que isto faria tanto mal quanto parecia fazer o bem. Isto era para consciência o que a batismo é para o pecado, purificação, bem como o medo o é para as ações, paralisante. Pensei que acreditar no destino era uma questão de que em alguns casos a inevitabilidade é inversamente proporcional a relevância das condutas. Mas isso era do mesmo jeito purificador da consciência e estagnante das ações. Irremediavelmente o tempo, ao nosso arrepio, furta-nos a oportunidade manifesta no estender da mão do destino. Este vez ou outra traz o que é nosso para nós, no momento em que nos falta discernimento. O tempo já nos é, advertido por Quintana, “o mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família.” Não se esqueça que tempo e destino são siameses. Enquanto um trabalha à favor, parece que o outro trabalha contra. Por isso e tudo mais não deixe o que lhe pertence passar por debaixo do nariz. O destino brinca com nós colocando à nossa frente coisas que não nos pertence, fazendo-nos acreditar que nossas são. E assim vamos vivendo acreditando que ele trouxe-nos algo nosso quando na verdade são dos outros e o que nos pertence, acreditam os outros lhes pertencer.
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